29 janeiro, 2007

Carta aos meus amigos

São Paulo, 29 de janeiro de 2007

Queridos

A viagem está apenas começando e eu não sei bem onde vai dar. Mas estou gostando. Na verdade é um misto de gostar e estranhar. O tempo aqui nessa terra é muito engraçado. Curto e comprido demais. A vida passa rápido demais, e ao mesmo tempo tudo demora: especialmente o trânsito e as distâncias. Aliás, a noção de distância também é bem maluca. Tudo que julgava perto, por aqui é longe. Para eles - os nativos - andar um quilômetro é perto. Para mim, que não ia até a esquina sem acelerar o meu carrinho, o tanto que já andei em uma semana é muito mais do que fiz em 28 anos de vida. Mas tudo bem. Ao menos o meu bumbum há de ficar mais rijo, as pernas mais grossas, definidas.
O cansaço é grande, principalmente porque não é apenas algo físico. O ritmo aqui é bem diferente e o relógio biológico fica meio maluco. E o cansaço não vem só do trânsito, da poluição e das distâncias: quando se está aqui, sempre se quer fazer algo mais. Parece que descansar é pecado, diante de tanta coisa para explorar e desbravar. E quando se vê, o dia já acabou e temos que nos preparar para um novo sem nem ao menos ter dado aquela relaxadinha, aquela cochilada no sofá - aliás, aqui nem tenho sofá...hehehehe.
Bom, o que mais tenho feito é comer, comer e comer em um treinamento que estou fazendo para o emprego. Estou amando treinar, que consiste basicamente em ouvir gente falando de cultura, de arte, de educação, de esportes....Por dentro também estou passando por uma espécie de treinamento, e sentindo que tudo vai ser diferente daqui por diante. Algo me diz que muita coisa vai se transformar, e já está se transformando.
Esta carta está vaga. Sei que os amigos querem saber como é o meu trabalho novo, mas eu também ainda não sei. Sei que alguns querem saber como está a minha vida, e eu digo: ainda é algo vago, exatamente como este texto. Vai para todos os lados e não vai para nenhum. Estou explorando esta selva de pedra devagarinho, andando MUITO, literalmente, e tentando me encontrar no meio disso tudo com a sensação de que já sou diferente por estar aqui.
Saudades, claro, muitas saudades dos amigos, mas a roda viva das novidades é tão gigante e gira tão rápido que estou conseguindo me conter. Quando a roda pára de girar ou gira um pouco mais devagar eu estou tão cansada e absorta de tantas informações novas que adormeço e espero chegar o dia seguinte....De qualquer maneira, deixo aqui o meu beijo e o meu abraço às pessoas que amo e que, fisicamente, não estão mais tão perto assim de mim. De qualquer maneira, Sampa não é tão longe assim né? Alguns dizem, até, que é meio que o centro desse universo chamado Brasil...
Vou ficando por aqui. Assim que conseguir ser uma pessoa incluída digitalmente novamente - no momento estou numa lan house - tentarei postar com ¨maior freqüência.

3 comentários:

Tatiana disse...

To gostando do seu astral.

Anônimo disse...

Menina, devagar você conhecerá São Paulo. E São Paulo se renderá a você. Cuide-se! Beijos.
Ronaldo Faria

Anônimo disse...

as distancias sao estranhas... muitas vezes sao curtas em kilometros mas se leva horas a percorrer. No caminho ha sempre tantas coisas que e muito dificil manter a atencao em um foco. O tempo desta cidade parece que nao nos pertence. Estamos sempre a merce de seus caprichos. O ritmo e constante e fatigante. Mas, ultrapassadas estas impressoes, que nos coloca neste estado que parece vago, um novo horizonte se apresenta e acabamos nos encantando com ele.