11 fevereiro, 2007

Do sentimento de ser uma formiga




Em tua grandeza, me sinto assim pequenina, uma formiguinha. Quando me penso em ti, sinto-me minúscula, uma daquelas formiguinhas que estão no meio daquele bando que atravessa na faixa de pedestres, que tropeça nos buracos da calçada, que corre para pegar o melhor lugar no banco do ônibus, que luta contra as portas do metrô semi-cerradas, que faz cooper para ser o primeiro na escada rolante, que luta contra os ponteiros do relógio, contrariando o relógio interno que nos move. Nessa nova vida, ainda não consigo me enxergar, de tão pequena que me sinto. O coração parece ter diminuído a um tamanho microscópico, embora pulse forte como antes, e por isso mesmo tem que fazer um esforço incalculável para conseguir dar conta de tanta vontade de viver.
Quando na outra vida, sentia-me já um pouco gigante, dominando os espaços, conhecendo os perigos, sentindo-me um pouco dona do tempo, amiga dos amigos, e até dos inimigos, um gigante que não teme nada, que parece andar pelas ruas maior do que a multidão que se apresenta nos pontos de ônibus e nas calçadas, esperando o sinal ficar verde. Sentia-me tão segura, tão gigante, que chegava a ter medo de não caber mais naquela vida. Talvez por isso tenha aceitado passar por mais um portal que me leva a uma nova vida, essa maior. Aliás, a vida vai ficando cada vez maior, mas logo a gente fica de novo do tamanho dela e precisa ampliá-la. Como um bebê, que perde as roupas facilmente pois, quando ganha uma nova, logo começa a não caber mais nela. É, acho que é isso. Sou um eterno bebê que cresce, cresce, e daí tem necessidade de se sentir bebê novamente, para poder se sentir uma formiguinha de novo, num mundo de gente grande; para viver essa angústia do desconhecido tudo de novo, mas também sentir o prazer de desbravar o mundo de novo. Colocar tudo que vê pela frente na boca, experimentar e experimentar cada gotinha do novo mundo, pra ficar tudo com ar de desconhecido sempre. Depois vem o prazer do domínio, a sensação de ficar grande, e daí começa tudo de novo. Um ciclo dentro de um ciclo maior, que é a vida...Mas como é angustiante o processo de ficar pequenino, sair do útero, do quentinho, e vir pra esse mundão frio, gelado e claro demais....Acho que vou cegar de tanta luz e tanta coisa que não conheço...


PS: Dando um tempo na divagação poética, e ao mesmo tempo pegando carona, informo que, neste carnaval, serei literalmente um bebê...rs. Vou me aventurar a participar de um desfile de escola de samba. Estarei no carro abre-alas da Unidos do Peruche, escola paulistana do grupo especial, que sai no sábado, dia 17. Mas não se animem: estarei totalmente disfarçada de um dos personagens do Maurício de Souza, estilo parque de diversões....hehehehe(ai meu Deus, que mico!) e vcs não irão me reconhecer...hehehehehe.

6 comentários:

Anônimo disse...

É bom te ouvir, no melhor estilo "Alguma coisa acontece no meu coração". Cuide-se. E você é grande.
Bom desfile. E dê um tchau especial pro seus fãs.
Beijos
Ronaldo Faria

Anônimo disse...

O CD é importado. Vai ser difícil achar. Se quiser, gravo pra você. Beijos, na testa.
Ronaldo Faria

Unknown disse...

Lindo texto. Como sempre, né?

Anônimo disse...

Eu queria tanto te ver sambando vestida de Mônica!

Ricardo Pereira disse...

qual deles será você? A Mônica? A Magali? ...?

Lígia Moreli disse...

Ricardo

Serei a Mônica...rs...