04 agosto, 2007

Acabou

Estava me estranhando mesmo...Demorou, mas as lágrimas vieram, um rio correndo sem parar, fazendo até sulcos na minha face. Acho que é porque encontraram antigos caminhos por onde estas mesmas águas tanto já correram, sem cessar...Porque sou assim tão fraca, a ponto de ter que pegar um telefone e ouvir,do outro lado da linha, um monte de verdades que eu já sei? Porque essa minha tamanha dificuldade em aceitar que as coisas têm começo, meio e fim? Não,não quero mais sentir isso, por Deus, não quero mais sentir essa dor...Se ao menos alguém tivesse pisado na bola mas não. Simplesmente não funciona e pronto. Assim. Disse para eu tocar minha vida. Vou tocar. Porque é que quando eu estou com alguém eu entrego a minha vida de bandeja assim, sempre? Porque é que sempre que termina eu fico assim, sem nada? Eu disse aqui que agora terei que ser o todo...Mas agora, sinto que nem a minha partinha ficou comigo...Parece que não tenho nada em que me agarrar. Sim, ele tem razão, a gente tentou, tentou,e retentou e não deu certo. É burrice continuarmos tentando. Merecemos tentar ser felizes, somos novos, temos um monte de coisa pra viver. Eu concordo com tudo. Tão sábio ele, tão mais sábio que eu. Eu só penso; ele pensa, executa e arca com as conseqüências com uma serenidade que chega a parecer frieza. Mas, ainda assim, fico tentando arrumar explicações mais, me culpar, achar que tudo se deve às minhas neuras. Fico tentando me agarrar no seu fio de voz ao telefone, adiando o momento do desligar como se eu fosse morrer junto com este fim de linha. Eu sou mesmo um saco de batata. Uma dramática filha da puta que não consegue sofrer calada, sem se botar pra baixo, sem se humilhar, sem fazer escândalo. Sou mesmo ridícula. Tem tanta gente aí que acaba casamento, que perde gente da família e não faz o espalhafate que eu faço. Sou é uma imbecil de uma burra emocional, que se descabela, liga quando sabe que não adianta mais, que não aceita a realidade, e sei que nos próximos dias ainda vou fazer muito drama, vou achar que ninguém gosta de mim, que ele já tá se divertindo com outra e que nem lembra de mim, que todos os meus amigos na verdade também são filhos da puta, que ninguém me entende...Tenho quase 30 anos e ajo sempre da mesma forma, mesmo sabendo que tudo que tô fazendo tá errado.
Eu me odeio por não me bastar! E isso sempre foi assim, desde que eu era pequena, sempre essa insegurança, essa eterna necessidade de saber, na face do outro, quem eu sou de verdade. Eu me odeio por não saber sofrer com dignidade, mesmo quando sei que é hora de aceitar um fim. Desapego é uma palavra que não existe no meu vocabulário. No fundo quero prender todas as pessoas que amo dentro de uma gaiola, não deixar a história que tenho com cada uma delas escapar. Talvez esse seja meu erro.
Mas olha, você tá certo. Certíssimo. Você, de nós dois, foi o mais lúcido nisso tudo. E bastou eu ficar longe para as coisas começarem a acontecer pra vc. Rezarei para que aconteçam mais ainda. Para que você seja feliz, e que para que um dia, finalmente, eu consiga saber o que é ser uma pessoa inteira, ainda que sozinha.

2 comentários:

.:Laura:. disse...

Lígia,

Pensei estar sozinha no mundo e hoje, lendo seu blog, seu espaço...pude perceber que somos muito muito parecidas na forma de amar e sofrer quando não correspondidas. Sim, como vc, queria poder prender quem amo numa gaiola e junto dele ficar por toda minha vida. Mas linda, pra renascermos, precisamos primeiro ser cinzas. Sei o quanto dói, pq é que sou hoje tbm.
Só me pergunto: Porque?? Se o que quizemos dar foi somente amor? Pq temos que ter esta dor de perda de alguém vivo? De alguém q vai conhecer outras pessoas e se relacionar com elas?
Querida...estou aqui, pra te entender e te ajudar caso precise.
Bjos, vc é linda e infinitamente interessante.

Tatiana disse...

Minha querida,
Você está sendo um tantinho dura contigo mesma.
Não é fácil reconhecer fim de nada. Eu, que já acabei alguns casamentos e alguns namoros, sofri pra caramba. Só que eu não deixo aparecer. Somente isso. Você se abre toda, se mostra, põe pra fora.
Não tem nenhuma fraqueza nisso.
A dor do luto é uma coisa que realmente faz chorar e sangra.
Chore e sangre.
Mas se agarre na lembrança que você viveu uma linda história, que você quis, tentou, foi até o fim. Essa é a lembrança correta, lembrar do bom, do que te fez crescer, do que você aprendeu, isso sim vale ficar na memória.
E carregue com orgulho as tuas feridas. Como uma guerreira que tem no corpo as marcas da batalha. Você tem as suas, só que no coração e isso mostra que, pelo menos, você foi à luta.
E valeu à pena!!!
Amor sempre vale à pena!