11 agosto, 2007

Tratamento de choque

Se nos tivessem dito, desde os nossos ancestrais mais primitivos, que não existe príncipe encantado, romantismo, que o amor não é mais importante que o sexo, e tivessem nos dado provas reais disso, tudo seria mais fácil. Tá, sabemos disso, mas no fundo não sabemos não, porque gostamos de viver iludidas. E depois colocamos a culpa neles. Uma ova que a culpa é deles. Eles não têm nada a ver com isso, só se aproveitam dessa ilusão para levarem vantagem, mas daí a dizer que eles têm culpa de não serem príncipes, de serem de carne e osso e não de um coração derretido feito o nosso, ah, não dá pra dizer não. E com essa idéia, ou melhor, com essa forma que ensinaram a gente a viver desde antes da gente sair do ventre, fica tudo tão mais difícil...
O duro é descobrir estas coisas assim, na real mesmo, na carne, a essas alturas do campeonato. O duro é sacar que o mundo é cheio de possibilidades, sim, mas você parece só saber viver de uma única forma. Que você às vezes se cansa de fazer um único caminho e, no entanto, diante de uma encruzilhada cheia de alternativas, você se angustia por não poder voltar à velha estrada, onde você sabe exatamente onde está pisando.
Segue o tratamento de choque. Aprendendo a viver fora do conto de fadas. Vida real na marra!

"Sorri, quando tudo terminar, quando nada mais restar do teu sonho encantador, sorri...
vai mentindo a tua dor e ao notar que tu sorris todo mundo irá supor que és feliz"

2 comentários:

Anônimo disse...

Entendo perfeitamente.

Anônimo disse...

Morena, a vida é um teatro e uma pantomima. Somos atores. Temos de sê-lo. Com todos os papéis sociais que nos são dados. "Tudo se compõe e se decompõe", como diz o Moska, um dos caras da MPB que eu mais gosto (estou vendo/ouvindo o seu DVD). Por isso, possamos nos compor e decompor no dia a dia. Amar é sofrer, infelizmente. É, individualmente, descobrir-se traído nos sentimentos, na essência do zelo, naquilo que tentamos mostrar como nosso. As pessoas são muito estranhas. Muito estranhas. Pensam mais com o egoísmo do que com as entranhas. E é difícil prever o próximo passo que darão. O derradeiro trair. O ultimato da sentença do acordar, do parar de sonhar. Da ignóbil certeza de se estar sendo “usado”. De que o diapasão não bate igual. De que a fronteira entre o sentimento e a razão é milimétrica, igual a vida na sua assimetria entre a lógica e o sentimento. Como o sexo. É possível fazer sexo sem amor? Eu acho que não... Te ver falar do teu pai, talvez dez anos mais velho do que eu, que chego aos 50 em novembro, é legal. Ainda mais no Dia dos Pais. Fui almoçar com os meus pimpolhos (de 18 e 15 anos) hoje. Eles nem sabiam que era Dia dos Pais. Mas, como disse meu pai de manhã, quando liguei pra ele, do alto dos seus 92 anos, “todo dia é dia dos pais, esse de hoje só foi criado pelo comércio”. Entendi. Entendo tudo. Só não entendo a traição do amor. Nessa eu me bato até hoje. E me entristeço e me embriago a me perguntar: amar, porra, é amar! É entrega e é se entregar. E que se foda o resto...” Sei lá, nem devia estar falando isso contigo. Só desabafei. Pela tristeza da “traição” (e essa não foi da minha ex-mulher, uma “santa Nelson Rodrigueana”, literalmente). Mas o ser humano é isso: uma mistureba difícil de prever e antever. Costumo crer, como disse um escritor inglês uma vez, que não sei nome (sou péssimo para nomes, esqueci o do meu ídolo e mentor no JB, bêbado se barbeando no banheiro do jornal e me ensinando a ter sangue nas veias, e não tinta), “os vivos são os mortos em férias”. O foda é que nessas férias não são apenas os nossos sentimentos e rumos que contam. Há os outros e suas outras histórias. Diferentes das nossas. Com outra visão de mundo. E muitas vezes somos apenas mendigos a pedir um carinho, um aconchego, um cafuné, um beijo amigo. E é isso que dói: estender a mão e descobrir-se numa esquina qualquer, sentado, deitado ou em pé. Agora estou sentado, pós-uísques made in USA e Scotland. Sei lá. É isso: morena, creia-se, sempre! Cuide-se, sempre. Você é linda, como mulher e como pessoa. Na vida, à exceção do motorista, somos todos passageiros. Mas cobre caro a tua passagem. Como dizia minha irmã mais velha, do alto dos seus 70 e algos, “quem muito se abaixa mostra a bunda!”. Possamos manter ao menos nossas nádegas cobertas. Te gosto. Cuide-se!
Beijos no Serjão...
Ronaldo Faria