30 agosto, 2007
Descoberta difícil
Uma operação delicada. Como arrancar a pele. Como arrancar várias peles. Como chegar a um casarão de mil anos, já caiado por diversas vezes, e ir tentando retirar camada por camada, na unha, raspando, arrancando devagarzinho, vendo diferentes cores aparecendo, ali arranhadas, já desbotadas. Azul, verde, amarelo, rosa, aquele amarelo calcinha horroroso...Arrancando a tinta do trabalho, a tinta da circunstância, a tinta do contexto, a tinta da fase, a tinta do lugar, a tinta dos outros, a tinta dos pais, a tinta dos amigos, a tinta do amor, todas as tintas caiadas ali durante anos, uma sobre a outra, misturando-se, encobrindo a parede verdadeira. Será que ainda há uma casa ali? Debaixo de tanta pele, será que ainda tem alguém inteiro, ileso, completo, com uma cor própria? Qual é a origem de uma alma?
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2 comentários:
...e debaixo tem um lindo cedro.
Alma não tem origem e nem destino. Só existe porque ainda existimos e resistimos, debaixo de cascas e emoções. Morena, é bom vê-la se redescobrindo. Carinho meu, beijo.
Ronaldo Faria
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