06 dezembro, 2007

Brinquedo que não tem

Ai, como não gostar do Natal...
Aquelas harpas tocando Jingle Bells sem parar em qualquer praça de shopping center.
Todos os biotipos de Papai Noel nos dão um alô em cada esquina ou porta de loja, alguns até desbarrigados e desmilinguidos, sem nenhuma pinta de um verdadeiro bom velhinho...
Ah, as decorações...Que coisa linda! É bola, é luz, é muito dourado, muito prateado, e claro, MUITOS Papais Noéis. Uma dinheirama pra vestir os prédios dos pés à cabeça e outra dinheirama para colocar vigias em torno das ostensivas decorações de maneira a evitar que os mendigos, pedintes e qualquer outro figurante que não tenha muito a ver com a cena e possa estragá-la se aproxime.
Os corais...que coisa linda. É coral de criança, coral de entidade, coral da OAB, coral dos professores, o que não falta é coral. Quando falta, bota um bando de papais noéis de brinquedo que tocam cavaquinho, misturado com harpa, com violoncelo, com bateria, enfim, é o fim das fronteiras entre o erudito e o popular também na música e na decoração natalina!!
É tempo de ser feliz! É obrigatório ser feliz! Você liga a TV e os comerciais te ordenam: seja feliz e gaste dinheiro! Aqueles chatos a la Casas Bahia colocam aquele gorrinho vermelho e gritam, anunciam as ofertas e dizem em tom imperativo que é tempo de Natal e você precisa ser feliz e colocar as mãos no bolso! É realmente uma época comovente.
E as músicas, são de um lirismo e de um otimismo que realmente comovem. Imagino se as crianças realmente prestassem atenção às letras: "Já faz tempo que eu pedi, mas o meu papai noel não vem. Com certeza já morreu ou então felicidade é brinquedo que não tem"
Saudade do tempo em que minha avó ainda era viva e conseguia reunir partes tão díspares da família. Apesar daqueles cutucões e saias justas típicas de encontros familiares, éramos mais felizes. Depois que crescemos, fica difícil obedecer à ordem de ser feliz, vendo tanto pedinte na rua que não tem cacife nem pra ser figurante de presépio e é deixado à margem da tal alegria. Felizes daqueles que ainda têm crianças em casa: a necessidade de ser lúdico por elas acaba por nos dar um pouco mais do tal espírito natalino.
Definitivamente final de ano é brinquedo que não tem pra todo mundo. Que o menino que vai nascer olhe pra tudo isso.

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