08 abril, 2008

O futuro é agora

Até ontem preocupava-me o que eu iria ser e, no máximo, o que faria no próximo final de semana, ou após bater o cartão. Hoje já me preocupa mais o que sou. Aquela idéia de que o tempo passa rápido demais finalmente deixou de ser uma metáfora apenas, ou frase feita para soltar quando falta assunto, no corredor, no elevador, ou com gente com quem somos obrigados a falar mesmo sem ter o que dizer. Em vez de telefonemas para uma cerveja, tenho recebido convites de casamento em minha caixa de correio - sim, pelo correio,porque o tempo e a distância engoliram a possibilidade de meus amigos trazerem os convites pessoalmente. Se me entristeço? Não, não chega a ser tristeza não. Começo a pensar que cada momento tem sua dor e sua delícia, e que um não substitui o outro. É apenas um susto com a idéia de que o tempo realmente existe, uma ansiedade em entender o seu mecanismo e tentar acompanhá-lo, se é que isso é possível. Uma de minhas melhores amigas me disse, certa vez, que iríamos envelhecer tomando cerveja, caindo na balada e fazendo piadas fáceis, de madrugadas dançantes e irresponsáveis. É a primeira que vai se casar e suas preocupações agora são o vestido de noiva, as contas da festa e a data em que finalmente vai realizar o sonho de ser mãe. É realmente assustador...
"Eu tenho mais de 20 anos, tenho mais de mil perguntas sem respostas..."

Um comentário:

Camilinha disse...

Seja livre do tempo, das rugas, das amenidades da vida...

ou como disse Clarice Lispector:

o cão é livre porque ele não se indaga...

beijos daqui...