04 maio, 2008

Em ritmo de marcha-rancho

Eu estava aqui olhando pra essa tela em branco e pensando que deveria parar de escrever, apagar esse espaço aqui porque, na realidade, mesmo, eu não tenho nada assim de tão relevante e importante pra dizer. Quisera eu poder fazer poesia, mas não consigo. Quisera eu poder discutir algo de realmente importante para a sociedade, fazer uma reflexão relevante mesmo acerca das coisas do mundo, das artes, da política. Mas não é pra mim. Fico aqui, tecendo comentários abstratos e clichês acerca do meu umbiguinho, tentando tornar poéticos os conflitos normais da vida, fazendo desse espacinho público uma espécie de diário, daqueles que não tive quando era criança, porque não tive saco pra fazer todo o dia a mesma coisa, quanto mais abrir um caderno e contar ali todas as coisas que se passavam comigo...
Bem, estava eu aqui, nesta tarde fria de outono, olhando o céu azul lavado da minha terra natal, e com vontade de escrever um num sei que que eu não sabia. Algo mais sobre o meu jeito nostálgico de ser, das minhas saudades tantas de nem sei bem o que, esta minha mania toda de me sentir melancólica em vários momentos e sentir vontade de chorar por qualquer coisa. Eis que de repente me "encontro" virtualmente com um amigo que admiro pacas e do qual sinto extrema saudade...E eis que ele me fala de seu coração batendo em ritmo de "marcha-rancho"...A marcha que ele havia acabado de letrar...E eis que entro no blog dele e está lá escrito tudo aquilo que eu sinto, e que jamais poderia escrever...Roubo aqui um pedacinho do texto dele, com todo o respeito, e deixo o endereço para quem quiser se deleitar com a íntegra da crônica de hoje de Bruno Ribeiro...Na falta de talento para tanto, faço das dele as minhas palavras:

"Acontece que sou um eterno inconformado com as coisas boas que se perdem e que se vão, como se nunca tivessem existido na vida da gente. Simplesmente não consigo lidar com as mudanças que nos afastam uns dos outros e nos impõe uma nova realidade a ser construída. Gosto do meu tempo, das minhas namoradas, dos meus amigos, do meu país, da minha cidade, da minha rua..."
"...Eu queria que o mundo fosse do tamanho de uma varanda de subúrbio, enfeitada de samambaias e espadas-de-São-Jorge. Uma varanda que abrigasse todas as pessoas de bom coração, com seus defeitos celebrados respeitosamente e suas solidões comungadas entre copos, risos e violas. Uma que protegesse a todos nós com sua sombra amena, por mais de mil anos, próxima ao roseiral. Uma varanda branca, morada de Oxalá, de onde pudessemos ver passar um velho rancho com seus estandartes atemporais. O rancho do bem-querer."

http://www.patriafc.blogspot.com/

3 comentários:

Ricardo Pereira disse...

a gente escreve para nós mesmos, o barato do seu blogue é isso, é a lígia falando para a lígia, a gente entra de xereta pelas brechas...

Anônimo disse...

você manda bem lígia, sempre passo por aqui atrás de seus escritos.

osátiro disse...

Texto muito bem escrito.
Parabéns pelo Blog.