04 setembro, 2008

Paixão eterna

Não adianta. Eu largo, fico sem falar, nem dou bola, chego até a esquecer num canto de mim, mas não consigo tirar da minha vida. É uma paixão eterna. Digo paixão, e não amor, porque é feita de picos de emoção, de montanhas russas de sentidos, de inquietude, de saudade, de abandono, tudo junto. A música não me larga mesmo, me persegue. No final de semana caí nos braços dela como quem viajou quilômetros e ficou quase a mingua, sem água e sem pão. Bastou um estímulo e pronto: meu backup começou a rodar inteirinho, tirando do fundo da memória várias canções por cantar, outras por resgatar, talvez até algumas por fazer...Ouvi, ouvi e ouvi e cantei, e chorei, e senti vontade de fazer som. Lembrei-me de como gosto de fazer isso e me perguntei porque fico tanto tempo sem lembrar de fazer som, com esta preguiça de me entregar à música...
Num samba de primeira, na última terça-feira, fiquei me perguntando por que, por que e por que deixamos de fazer coisas que nos são tão importantes, para fazer outras que são mais importantes para o mundo do que para nós mesmos? Por que temos que ganhar dinheiro, pagar contas, correr de um lado para o outro? E o mais importante: por que é que eu arrumo tempo e fôlego para fazer tudo isso e mais um pouco e passo dias sem soltar a voz nem no chuveiro? Por que esta afonia, esse silêncio, se o que me faz respirar um pouco é a música?

Nenhum comentário: