24 outubro, 2008

O mistério da emoção

Para conhecer São Paulo: leiam Luiz Rufato em "Eles eram muitos cavalos".
Para (re) conhecer o samba e o Rio de Janeiro, e colocar um pouco de emoção no seu dia: assista O Mistério do Samba.
Simplesmente maravilhoso. Chorei do começo ao fim. Mal terminou a sessão e quis falar com meu pai e minha mãe, que me ensinaram a amar o samba e a poesia da vida. Senti uma saudade absurda do Bruno, meu amigo Bruno, compositor, amante do samba, sambista em todos os sentidos. Sim, porque como ele diz, o samba não é um gênero musical apenas.É um estilo de vida. Concordo com ele. E assistindo esse filme maravilhoso sobre a Portela, não tem como não concordar. O samba nem é o gênero que mais ouço diariamente, com o qual mais convivo e do qual tenho mais discos. Mas, certamente, é o meu alicerce, tem a ver com a minha criação, com a minha infância, com a minha história de vida, com aquela essência que temos na vida e que é sutil e que nem sempre mostramos ou vivemos assim, tão obviamente, mas que está lá, presente em nós o tempo todo. E é por isso que, logo na abertura do filme, quando começo a ver aquelas figuras todas Casquinha, Jair do Cavaquinho, Monarco, as rugas no rosto mostrando quantos caminhos percorreram, na hora eu começo a chorar. Por que me lembro do meu pai. Se for pra lembrar de paternidade e maternidade é samba que me vêm à mente na hora, não tem jeito.
Saí do cinema e logo quis falar com meu amigo Plínio, também amante do samba. E quis compartilhar com alguém, com a minha mãe, com meu pai. Enfim, fiquei com um nó na garganta imenso ao ouvir aquelas letras lindas todas, aquela batucada que não se aprende na escola de jeito nenhum...E o que dizer da cena em que a Tia Eunice ensina o "miudinho", o passo elegante da Velha Guarda da Portela, para os meninos e meninas da Portela?
Coisa linda!
Pra falar de Portela e de samba o tempo não dá, nem as palavras.
Recomendo o filme. Recomendo samba, muito samba, sempre.

Um comentário:

Unknown disse...

Ligia querida. Neste exato instante em que te leio, Roberto Ribeiro canta "Meu Drama" na minha televisão, no DVD do programa Ensaio da TV Cultura, que comprei ontem. Estou me preparando para a roda de samba do Silo e do Zé, em Sousas. E ontem eu estava com a Mari no ZinBar, do Jaraguá, quando vi o João Paulo saindo - provavelmente - do cinema. Imaginei que ele tivesse ido assistir "O Mistério do Samba" e gritei por ele, mas ele não ouviu, foi direto para o carro. Tentei ver se vocês estavam juntos, ainda acenei na direção dele, mas não me viu. Como eu estava no bar, não deu para correr atrás - por razões óbvias, hehehe. Mas queria muito ter conversado com ele - e com você - sobre o filme. Sou grato ao samba por tudo o que ele me deu e tem me dado em vida. PS: bem lembrada a cena da Tia Eunice! Chorei, sobretudo, pelo detalhe da delicadeza perdida quando ela fala que a passista levantava a saia e mostrava "aquela anágua bonita, cheia de rendas". Em tempos de Créu, de Mulher Melancia e quetais, falar em anágua soa tão anacrônico, mas ao mesmo tempo tão bonito. O samba é sábio, Ligia. Beijo.