21 novembro, 2008

Sem rima

Noite de chuva, pingo brilhando no chão da rua atravessada de faixas. Chão preto molhado brilhando vermelho, espera um pouco, brilhando verde. Corpo cansado, caminha postura torta, costas doendo pós-massagem rápida laboral da CIPA do trabalho, pedindo cama depois de estar alerta desde cedo fora de casa, numa batida só o dentista, a procura pelo apartamento atrás de placas de aluga-se, perguntando ao porteiro o número de dormitórios, o cabeleireiro, a mania agora de ficar cortando o cabelo cada dia de um jeito diferente...Deve ser a cidade que acelera e faz a gente querer mudar de cara, de roupa, de passo, de jeito. E almoça um lanche na padaria e começa a todada 9 horas de trabalho, 1 hora de janta sem horário de janta porque não deu tempo. Termina o dia assistindo um show e em seguida uma peça maravilhosa. Descobre Caio Fernando Abreu, que só tinha ouvido falar, assistindo a peça. Mas então, voltando ao começo, ou ao fim do dia, volta pra casa com a cabeça borbulhando, olha de um lado o MASP do outro a Consolação, se vê num cenário de filme - e é - pensa como será difícil atravessar o sábado e quase todo o domingo só. Bate ansiedade no peito, mas pensa que será bom ficar com seus pensamentos - mas não muito bom porque o bom vira angústia logo, pensar demais é complicado. E pensa quanto vem descobrindo e que tem ainda o mundo inteirinho pra ler...Waly Salomão, Borges, Caio Fernando Abreu. Mais um livro emprestado. Lê ao mesmo tempo do Nelson Rodrigues, que mistura! E também do livro para treinar o inglês, também emprestado.
Chega em casa e tem vontade de escrever uma canção, mas não consegue. Então vomita palavras tentando algum ritmo, alguma fluidez, alguma graça, mas nenhuma rima. Nada rima com nada.

Nenhum comentário: