Noite de chuva, pingo brilhando no chão da rua atravessada de faixas. Chão preto molhado brilhando vermelho, espera um pouco, brilhando verde. Corpo cansado, caminha postura torta, costas doendo pós-massagem rápida laboral da CIPA do trabalho, pedindo cama depois de estar alerta desde cedo fora de casa, numa batida só o dentista, a procura pelo apartamento atrás de placas de aluga-se, perguntando ao porteiro o número de dormitórios, o cabeleireiro, a mania agora de ficar cortando o cabelo cada dia de um jeito diferente...Deve ser a cidade que acelera e faz a gente querer mudar de cara, de roupa, de passo, de jeito. E almoça um lanche na padaria e começa a todada 9 horas de trabalho, 1 hora de janta sem horário de janta porque não deu tempo. Termina o dia assistindo um show e em seguida uma peça maravilhosa. Descobre Caio Fernando Abreu, que só tinha ouvido falar, assistindo a peça. Mas então, voltando ao começo, ou ao fim do dia, volta pra casa com a cabeça borbulhando, olha de um lado o MASP do outro a Consolação, se vê num cenário de filme - e é - pensa como será difícil atravessar o sábado e quase todo o domingo só. Bate ansiedade no peito, mas pensa que será bom ficar com seus pensamentos - mas não muito bom porque o bom vira angústia logo, pensar demais é complicado. E pensa quanto vem descobrindo e que tem ainda o mundo inteirinho pra ler...Waly Salomão, Borges, Caio Fernando Abreu. Mais um livro emprestado. Lê ao mesmo tempo do Nelson Rodrigues, que mistura! E também do livro para treinar o inglês, também emprestado.
Chega em casa e tem vontade de escrever uma canção, mas não consegue. Então vomita palavras tentando algum ritmo, alguma fluidez, alguma graça, mas nenhuma rima. Nada rima com nada.
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