05 fevereiro, 2009

Claustro de mim mesma

É sempre a mesma sensação, desde criança. Ela vai e vem, sempre e já chamei de dor de amor, já chamei de perda de emprego, já chamei de cansaço, já chamei de tpm, menstruação, gripe, mal estar, falta do que fazer, ansiedade, inquietude, angústia, insônia. Já cansou de tanto ser tema de palavrório, escrito e falado. E ela não escolhe dia, nem local, nem circunstância. Pode vir até mesmo durante uma viagem de férias. Os sintomas: um aperto no peito, um vazio doído, um nó, um sentimento claustrofóbico de estar preso no mundo e de olhar ao redor e ver que nada está bom, mesmo o que está bom. E um sem vontade de nada, e um sem querer nada e não querertudo. Um enjôo do entorno. Uma claustrofobia à rotina, mesmo que seja uma rotina de 3 dias seguidos de praia, ou 1 mês morando junto, ou uma semana trabalhando no mesmo lugar. Não tem praia, lugar bonito que cure...Se estou bem? Estou... é só aquela mesma sensação de sempre, esquisitices que me fazem ficar chata de vez em sempre, anti-social, ou querer gritar sem ter porque. Claustrofobia da vida, de pensar que amanhã vou levantar, escovar os dentes e fazer isso, aquilo, aquilo outro. Mesmo amando viver - e não, não sou suicida, sou muito da viva e com vontade de vida - dá uma preguiça, uma ansiedade de pensar que alguma coisa sempre vai ser igual e que, de repente, sempre haverá esse buraco fundo, imenso, dentro de mim, que nada, nem ninguém, nem lugar nenhum, nem eu mesma consigo preencher...
Aproveito a angústia e me perco em Caio Fernando Abreu, que escreve umas coisas que às vezes até parece que lê meus pensamentos e sentimentos mais escondidos...

"Fechei a porta, encostei a parte de cima da cabeça contra ela. Só nos filmes as pessoas fazem isso, nunca vi ninguém fazer de verdade. Comecei a fazer para ver se sentia o que as pessoas sentem nos filmes - pessoas sempre sentem coisas nos filmes, nos bares, nas esquinas, nas músicas, nas histórias. Nas vidas acho que também, só que não se dão conta..."

In Os dragões não conhecem o paraíso

Um comentário:

Gillianne Vicente disse...

Oi Lígia
Adoro blogs pq adoro estar em contato com as pessoas, achei o seu e adorei!
Depois das festas de 2008,comecei a olhar as fotos e eu e meu marido percebemos que as pessoas nas fotografias só mudam de roupa, passa ano entra ano estamos no mesmo local, até com as mesmas expressões.
Essa semana li uma coisa que me deixou feliz, fala sobre o cículos em nossas vidas.
Se vc quer mudanças, comece a fazer as coisas de um jeito diferente, como mudar o caminho de volta pra casa, escovar os dentes numa outra sequencia, vigiar os pensamentos, aqueles mais estranhos ahahaha
Bem esse ano mudo os círculos, seu texto me fez lembrar desse Natal.
Bjs e continue escrevendo, estarei lendo.