"Acordei bemol
tudo estava sustenido
sol fazia
só não fazia sentido"
Os versos de Leminski me descrevem com exatidão. Nem feliz, nem triste. Bemol. E continuam me retratando:
"O mar o azul o sábado
liguei pro céu
mas dava sempre ocupado"
Caminhando na Paulista, antes de bater o cartão e me enforcar com um crachá das 13h às 22h, resolvi entrar no Itaú Cultural e conferir a exposição sobre o poeta Paulo Leminski. Foi a melhor ideia que poderia ter me ocorrido. A poesia dele me recebeu aconchegante como o abraço em que eu gostaria de estar enroscada hoje durante todo o dia, sem nada ter que dizer.
E segui pela sua poética encontrando sentido para minha alma neste sábado de céu límpido e ocupado...
"Se o amor é troca
ou entrega louca
discutem os sábios
entre os pequenos e os grandes lábios
no primeiro caso
onde começa o acaso e onde acaba
o propósito
se tudo o que fazemos
é menos que amor
mas ainda não é ódio?
A tese segunda
evapora em pergunta
que entrega é tão louca
que toda espera é pouca?
qual dos cinco mil sentidos
está livre de mal-entendidos?"
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