26 novembro, 2009

Cheguei a um ponto da minha vida que é como se eu tivesse escalado, escalado e escalado uma montanha muito alta e íngrime, sem nem saber direito para onde estava indo, se queria chegar ao topo, sem nem saber direito onde é o topo, e de repente olhasse pra baixo e ficasse com medo. Subi tudo isso não sem muita reclamação, que sou meio resmungona, não sem cansaço, porque meu condicionamento não é lá dos melhores, mas fui subindo e talvez tenha deixado várias pessoas pelo caminho, pessoas aparentemente até mais fortes que eu. Fui andando com minha mochila de ideias pesada, sentindo os ombros cansados, questionando a cada passo se devia ou não continuar, mas continuei escalando, logo eu, que tenho medo de altura. E cheguei num ponto que não sei se é o topo, se o meu limite, o que vem pela frente. Só sei que não dá mais pra descer. Estou naquela parte da vida que você até pode mudar o rumo das coisas, mas vai dar um trabalho muito maior do que tentar se encontrar daqui por diante, pelo caminho já iniciado. Sinto um misto de orgulho e cansaço, porque parece que foram muitos os obstáculos. Sinto uma vontade infantil de que, daqui pra frente, tudo seja mais fácil, como se na vida tivéssemos uma cota de dificuldades que, se vencida, tudo fica tranquilo depois. E como se eu fosse ficar feliz com isso né...Logo, logo eu sentiria tudo sem graça porque fácil demais.
Fim de ano, mais uma vez um fim de ciclo e eu estou querendo sentar no meio da escalada para tentar digerir tudo que me aconteceu. Quase desabei metros abaixo por várias vezes, tive que mudar minha rota, me esconder da chuva e dos ventos. Até hoje algumas tempestades ainda se formam e me assustam. Sinto vontade de ter gente perto de mim e ao mesmo tempo de estar só. Tudo me irrita, tudo mexe comigo. Tem horas que parece que até o vento batendo no meu rosto machuca. Sou feliz, mas sou também machucada, ferida de morte, e parece que fico tirando as casquinhas, com uma dificuldade imensa de deixar as coisas cicatrizarem. Sou feliz, quero subir mais e mais, mas também tenho medo de estar subindo para lugar nenhum, ou de que o topo não seja nada do que eu quero. Queria não pensar tanto. Estou cansada, muito cansada. Queria que o mundo me poupasse um pouco, o passado me poupasse um pouco, os problemas me poupassem um pouco.

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