20 maio, 2010

Sinto-me descolada de mim há alguns dias, parecendo ser outra que nem eu mesma sei. Fui tomando rumos ultimamente que eu considerava mais racionais. Guardei a emoção um pouco no bolso. Domei-a. Tentei colocá-la a serviço da minha sanidade mental, do meu bem-estar, da felicidade duradoura. Ganhei alguma paz e serenidade e alguma saúde. Mas começo a ficar doente porque não me reconheço. Sinto alguma saudade de mim, da minha falta de racionalidade, da conta estourada e da vida aos solavancos. Sinto falta da minha busca desenfreada por emoções e altos e baixos. Isso me mataria logo, não aguentava mais. Agora não me reconheço na minha quietude inquieta. Preciso me reconectar, preciso me reconectar. Eu ouço isso dentro de mim. Eu ouço isso do meu terapeuta. Isso grita pelos meus poros. Sincronicidade. Leio o blog de uma amiga e ela fala de religação. Eu tenho me batido de novo com a minha necessidade de religação e logo chego na música, minha religião, religião essa com que tento ficar de bem há 31 anos, com que me debato, por que sofro e não entendo. Estou tão sensível que um descansar de mãos sobre um piano já me faz chorar.
Mais um eclipse. A escuridão cobre a lua linda e serena que iluminava a minha vida. Algo inexplicável, cíclico. De novo o inverno. Posso fazer uma busca nos meus arquivos neste blog e provavelmente chegarei à constatação óbvia de que nestes tempos eu pioro, eu fico escura, eu encontro minhas assombrações. Acho que me tornei escrava destes ciclos, do peso, das pílulas anti-ansiedade. Acho que não me acostumei a não sofrer. Parece que gosto. Parece que busco me queimar.
Agora nada me vem, nem texto, nem nota, nada.

Nenhum comentário: