08 abril, 2007

Arco-íris

Sim, podem me prender, podem me fazer trabalhar, podem me deixar no meio do concreto armado, sozinha, desolada, trabalhando em domingo de Páscoa chuvoso, amargando sexta-feira da Paixão sozinha e com gripe, podem me deixar sem cantar, podem me deixar com minhas neuras diárias, meus conflitos, minhas deprês, podem me deixar longe das pessoas que mais amo. Ainda assim, como diria a música, não mudo de opinião. Pelo contrário, reafirmo, enxergo com maior nitidez um mundo à margem. Sim! Há um mundo à margem e venho me tornando repetitiva nos últimos posts, mas é verdade. Não sei se é a vontade de que esse mundo exista,para que eu fuja da dureza da realidade, mas sinto, cada vez mais, que quanto maiores os obstáculos para que eu abra as janelas da vida e veja possibilidades diferentes, mais eu consigo enxergar longe. E nessa metáfora da minha vida, parece que a até a realidade, ou os anjos, estão conspirando a favor. Hoje, pela segunda vez, vi um arco-íris na poluição de São Paulo, do alto de um prédio da Avenida Paulista...Sim, um arco-íris de cores tão vivas, mas tão vivas, que parece que foi feito com lápis de cor bem acalcado, ou com aquelas canetinhas que eu tinha quando criança! Nunca vi arco-íris assim nem na cidade do interior onde eu nasci. Nunca! E olha que estou trabalhando: não tomei nenhum alucinógeno, não bebi, não fumei nenhum, mais careta, impossível!
Tá aí, se me perguntarem, vc está feliz? Eu digo, não sei, acho que sim. Se me perguntarem, você está gostando da vida que está levando, também direi que não sei. Nem tudo está no lugar. Aliás, comigo tem sempre algo fora do lugar, ou em processo de mudança. Tudo que fica parado me incomoda, me irrita, me angustia. Quando mudo demais, também sofro, mas acho que prefiro. Por isso tenho tentado ver arco-íris todos os dias, uma corzinha aqui, outra ali. Acho que é coisa de louco, mas não me importo. Ontem à noite vi várias cores, fiz uma balada ótima, como há muito não fazia, dancei, dancei muito. Puxa vida, como é bom dançar!!! Que saudade de dançar, chacoalhar o esqueleto, colocar as idéias no lugar, ou fora dele...rs, rir, ouvir música, BOA música. É possível viver nessas brechinhas. E como é bom...
Agora vou voltar às origens, buscar os matizes originais, ver os meus, ficar com eles, nem que seja só um pouquinho, me abastecer de novas cores, novos tons de emoção, para voltar ainda mais forte e com mais vontade de viver à margem. No meu caso, só assim, vivendo à margem, é que consigo me manter sã para encarar a loucura da realidade.

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