28 agosto, 2008

De príncipes, sapos e contos de fadas

Ontem estive num castelo. De verdade. Fui a uma festa em um castelo desses que tem torres, ponte elevadiça, enfim, tudo com que eu sonhava quando criança ali, construído diante de mim.
Hoje, curiosamente, ouvi que a vida não é conto de fadas. E o pior é que eu sei disso, mas dói ouvir, sabe? Na verdade, acho que conto de fadas existe sim mas, como toda história, tem que ter a parte chata para que tenha sabor. Tem sempre a bruxa má, ou o momento do enredo em que o seu príncipe maravilhoso se transforma em sapo gosmento e você tem que beijá-lo, acariciá-lo, entendê-lo e continuar acreditando que ele vai sim se transformar novamente no seu príncipe, e não virar as costas e sair pulando lépido e fagueiro para outras lagoas. Assim, o conto de fadas existe sim, na nossa cabeça, forte e iluminado de uma esperança eterna de que as coisas sempre valem a pena e podem ser melhores. Se não tivermos uma pitada de ingenuidade em acreditar nestes contos, como fazemos para viver? Como fazemos para viver um grande amor, para criar, para fazer poesia? O lance é conseguir manter essa idéia fixa de felicidade na cabeça e, mais ainda, transformá-la em possibilidades reais de ser feliz transformando os sapos em príncipes e as bruxas más em meros obstáculos totalmente transponíveis. Mas como é difícil...e como é grande, às vezes, a angústia e o medo de que a história não termine com um final feliz.
Bem, para exercitar a minha capacidade em acreditar no inacreditável sempre, cito e insisto mais uma vez no Waly Salomão, poeta despachadíssimo com cuja obra tenho convivido nos últimos tempos. Ele diz que mentem os que dizem que o sonho acabou, porque a vida é sonho. Não exatamente com estas palavras, mas ele certa vez disse que inventava mentiras para si mesmo e as vivia intensamente, porque achava a realidade extremamente chata.
Assim sendo, sigo vivendo meu conto de fadas e, às vezes, criando erroneamente alguns monstros e bruxas e sapos em minha cabeça. Assim como sigo, muitas vezes, tentando adocicar a vida para não me deixar azedar pela crueza da realidade. Que Deus me preserve com os pés no chão para não ser pega de surpresa por nenhuma criatura típica das agruras do real, mas que me dê asas para continuar sonhando com as fadas do amor, do romantismo, da leveza, da poesia e da gentileza.

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