04 abril, 2009

(Des)embalos de sábado à noite

Colocaria uma roupa bonita, talvez aquele tubinho preto, com umas botas de salto alto para dar um charme a mais, ou algo do gênero. Pintaria os olhos de preto, com aquele risco rente aos cílios e um lápis para marcar o olhar, colocaria os brincos diferentes e um batonzinho básico só para fechar o visual. Iria a um samba dos bons, ou a uma pista com black music e se acabaria de dançar, com amigos inteligentes, não, inteligentes e engraçados, porque inteligentes apenas podem ser chatos neste momento. E também amigos que sejam amigos mesmo, daqueles que você não precisa ficar colocando máscaras e nem comentando como está quente ou frio só pra dizer que tem assunto. Daqueles que vc pode discutir a merda da existência, falar de cinema, de jazz, da roupa da sua amiga do lado e no minuto seguinte estar dando risada de uma besteira idiota enquanto chacoalha o corpo numa batucada ou algo do gênero. Ou iria a um boteco bacana, não fresco, mas com um certo charme, petiscaria coisinhas gostosas, tipo frios, queijinhos, patezinhos, tomaria vinho, ouviria música boa e riria, riria muito, com coisas realmente engraçadas. Ou ficaria na pista de uma boate sozinha, com os olhos fechados, bêbada, porém naquele estado bêbado bom em que as coisas ficam leves, a vida é mais fácil e a noite parece não ter mais fim de tão boa. Ou iria jantar com alguém com quem estivesse super sintonizada, os dois falariam até perder o fôlego, várias taças de vinho, uma comidinha gostosa, sem se preocupar com o lado direito do cardápio e sim com que estivessem a fim de beber e comer. Depois quem sabe uma esticada, ou uma noite romântica, mas tudo a seu tempo, sem afobação. Poderia também sair com aquela turma de amigos engraçada pacas, jogar um boliche ou fazer uma festa na sala de casa, como nos velhos tempos, todo mundo cantando em volta de um violão, derrubando cerveja no tapete.
Pensou tudo isso enquanto saía do trabalho, batia o cartão às 10 horas da noite de um sábado. Imaginou tudo isso enquanto vestia seu pijama e calçava as meias, às 11 horas da noite de um sábado, num apartamento de um bairro bucólico, cheio de japoneses que passeiam com seus cachorros de manhã e dormem cedo, num bairro bucólico onde os donos de bares a esta hora estão lavando o chão e descendo as portas, num bairro bem longe da agitação das pistas, dos solos de jazz, das conversas "descoladas", das botas de salto alto, dos bares charmosinhos mas não frescos. Pensou nisso enquanto se preparava para ir pra cama, sem não antes lavar a louça suja da pia e dar uma zapeada na televisão: Zorra Total, Saturday Night Live, Big Brother,comédias românticas no meio, programas de esportes. Pensou nisso tudo, desligou a TV e foi para cama, sonhar.

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