28 outubro, 2009

Surto

Estou assustada, com medo de estar perdendo as rédeas da minha vida. De repente acordei e todo o peso da força que tive que ter nos últimos meses, para cuidar de mim e da minha vida sozinhas pesou sobre meus ombros. É como se eu tivesse conseguido passar por tudo por conta da adrenalina que eu sentia e, agora que tudo já passou, eu tenha me dado conta do quanto tive que superar. Não, não estou me fazendo de vítima. Aliás, tenho aprendido que, apesar de eu gostar muito de um drama, e isso já foi dito tantas vezes aqui, eu sou sim muito mais forte do que muita gente. Eu cuido de mim sozinha. Sempre cuidei. E sempre cuidei de outras pessoas também, mesmo as que nunca cuidaram de mim. Eu tive forças para enfrentar tantos trabalhos diferentes, para virar o rumo da minha vida tantas vezes, para vir para essa terra de loucos sozinha, enquanto a maioria das minhas amigas de escola e faculdade ficaram em suas próprias cidades, vivendo uma vida com bem menos riscos. Eu dou sim a cara pra bater e não vou ficar me fazendo de vítima não. Mas de repente estou sentindo um cansaço, porque é muita coisa pra digerir, é muita coisa pra esquecer, é muita coisa pra superar, é muita mágoa pra acabar, são muitos medos pra vencer. E agora sentimentos novos chegando, perspectivas novas, expectativas novas, e eu sem saber muito bem lidar com elas. A tentação de me entregar e viver, como sempre fiz, é grande, mas ao mesmo tempo o pânico de perder o controle sobre mim mesma e minhas vontades me assombra. Estou absolutamente apavorada, apesar de estar tentando vencer isso. Estou estressada, depois de tudo que passei esse ano e ainda muito machucada. Não quero cobranças, e estou me cobrando. Não quero lembranças, e no entanto não consigo esquecer totalmente.
Definitivamente não é um bom dia. O mundo tinha que parar quando a gente está assim e os problemas do trabalho, o telefone, o chefe, o trânsito e tudo mais tinham que ir para o espaço. Tudo o que eu queria hoje era fugir para algum lugar dentro de mim mesma e ficar lá quietinha pra tentar entender tudo. Porque quero tanto as mesmas coisas das quais ao mesmo tempo eu pareço sempre ter que fugir?

Nenhum comentário: