21 fevereiro, 2007

Dois pra lá, dois pra cá, dois em um


Valsamos, no bolero, na voz da Nana, nas conversas sobre música erudita, nos improvisos, nas notas perdidas que deixei pelo chão da sala com a minha flauta, no som que saiu dos seus dedos tocando as cordas até encher todo o apartamento de som. Irritei-me, até, com a sua vã tentativa de tocar samba enredo no cavaquinho, tá,tudo bem, vc está melhorando, praticamente um integrante de escola de samba, ou, quiçá, um futuro integrante...Vc e estas tuas vontades musicais tantas, tocar de trompa a tamborim com a mesma desenvoltura, quantas vontades! E me irritei também com tua irritação, e com suas broncas, sim, coma melhor,sim, melhore a postura, sim, não seja tão pessimista, porra, quantas broncas. Mas tudo bem. Valsamos e sambamos, e nos encontramos e desencontramos por vários momentos, como na música, como na valsa, a três por quatro, a seis por oito, a dois por dois, a dois em um...

E caminhamos rumo ao nada de tanto andar, andar e andar, e lá chegando, cansados de tanto andar, nos sentamos para contemplar a selva de pedra da beira de um lago, e de algumas árvores, oásis paulistano...E terminamos assim o dia sorvendo um chope, um não, dois, dois chopes, daquela marca alemã, meio amarga demais para meu paladar, mas tudo bem. Era o que eu precisava naquele momento. E me diverti com o andar do Chaplin que trouxemos da locadora e chorei nos teus ombros porque não sei para onde estou indo, não sei se terei que ficar calada daqui por diante como uma formiga que fica lembrando de seu passado de cigarra, ah, o que será de mim, estarei aqui sozinha, sem música, engolida pelas circunstâncias?

Macarrão, o melhor que vc já preparou - vc sempre diz isso e eu acredito - macarrão enrolado na colher, daqueles de sujar os beiços e a roupa de vermelho e vc me olhando tentar enrolar os fios do espaguete toda desajeitada, com olhar de quem vê uma obra de arte. Declaração de amor maior não há...Tudo isso num só final de semana. Tudo simples, básico mesmo, mas totalmente suficiente para me fazer sentir viva.

Somos assim, um encontro meio desencontrado, mas bastante harmonioso, harmonia complexa, sim, que com a gente nada é fácil, mas uma bela de uma harmonia, sem dúvida. Amo, muito.

2 comentários:

Anônimo disse...

Na tentativa de tentar escrever algo .....não sei, travei.
Amo você!

Anônimo disse...

Obrigado por estas suas palavras. É realmente bom ler algo tão grande e nobre sobre si mesmo, e melhor ainda é saber que faz bem para nós dois, onde um simples gesto torna- se grandioso!!

"Mulher você é a melodia perfeita para os meus acordes"!